terça-feira, 24 de outubro de 2006

Três Anos Depois

Faz hoje três anos que comecei a trabalhar na Administração Pública Local. Foram três anos difíceis para a AP e para mim. Aceitei ganhar menos e ocupar uma vaga com habilitações muito inferiores às que detinha com a perspectiva de que a longo prazo a situação se alteraria e poderia realizar um trabalho bastante mais interessante. Ainda não aconteceu. Mas já melhorou.
O primeiro impacto foi estranho. Um serviço cultural sem visitantes e onde esperavam que eu estivesse sentado, calado e bem comportado. Para quem vinha com um ritmo bem acelerado do privado aquele descanso momentâneo até sabia bem. Ao fim de alguns meses, e como nada se alterava, sondei a minha chefia, que sabia das minha habilitações, se não podia fazer mais ou diferente. Para já era complicado. Ao fim de mais alguns meses (menos de um ano) estava no terreno a tentar sair. Depois de encontrar um serviço que me agradava tive ainda de esperar cinco meses para conseguir uma simples requisição. Mesmo esta foi arrancada a ferros porque para sair era preciso um substituto e cinco meses depois o serviço de origem andava à procura de um substituto para o meu substituto. Parece confuso não?
Por este relato podem perceber porque aguardo com expectativa mas também alguma descrença medidas, já anunciadas, sobre classificação e avaliação de desempenho ou sobre mobilidade.
Três anos depois percebo que talvez não tenha feito grande negócio e, definitivamente, cheguei na altura errada à AP. Não são os antigos “privilégios” que me preocupam. É a imagem geral de que todos são uns preguiçosos e ninguém sabe ou trabalha que mais me agasta, e principalmente, a desconfiança que os políticos têm em relação a toda a estrutura. Como se quem lá está tivesse uma agenda secreta para boicotar tudo e todos. Nunca encontrei ninguém assim.
Três anos depois a confiança e a motivação não estão no seu ponto mais alto, mas a esperança mantém-se intacta.

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