Greve
Hoje fiz greve. Apesar de nem sempre concordar com os métodos e a linguagem utilizada pelos sindicatos penso ser meu dever mostrar o descontentamento que perpassa por muitos trabalhadores.
Hoje estão em causa os aumentos, as progressões na carreira, a ADSE, as alterações ao estatuto de aposentação e principalmente pela forma como todas estas “reformas” estão a ser implementadas. Vamos por partes.
- Os aumentos são pequenos e não cobrem, sequer, a inflação. Pode-se argumentar que nos últimos anos a massa salarial aumentou bastante e que houve subida no rendimento disponível dos Funcionários Públicos (FP). Estas contas são válidas para os últimos 10 anos, não são para os últimos 4 onde os FP têm sido um dos principais suportes para o aliviar da crise.
- As progressões na carreira estão congeladas. Ao contrário do que o Governo afirma estas nunca foram automáticas, sempre se fizeram através de concurso. As promoções estão limitadas a esses concursos, e se muitas vezes os concursos são mera fachada isso deve-se à atitude dos seus dirigentes. A única progressão automática refere-se aos escalões dentro da mesma categoria e que segue o esquema de diuturnidades que existe em muitas empresas e que sempre funcionou como prémio pela antiguidade. O que mais interessa não é subir de escalão (até porque o aumento é quase simbólico) mas sim de categoria. Isso está congelado afectando, naturalmente, a motivação de todos.
- A comparticipação para a ADSE vai subir 50%. Ou dito de outra forma passa de 1% para 1,5%. Parece pouco mas também é verdade que a ADSE está a ser desmantelada aos poucos e que já há serviços e organismos públicos a contratarem seguros de saúde porque esta não dá resposta às solicitações mais básicas. Pode-se argumentar que é um privilégio. Só por quem não conhece o seu funcionamento. Talvez já tenha sido. Agora não.
- Quanto ao estatuto de aposentação o que mais me preocupa é saber a forma como está ser calculado. Desde que entrei na FP já ouvi falar em diversas reformas e alterações. Não faço ideia em que tipo de regime estou. Se vou poder reformar-me aos 60, 65 ou 70. Até lá o sistema deve mudar, mas isso não é garantia de que os trabalhadores sejam informados ou esclarecidos.
- Por fim o protesto é contra a forma como as “reformas” estão a ser implementadas. O Governo começou por culpar os FP de todas as situações para poder utilizar a restante opinião pública como suporte das mudanças introduzidas. Não é difícil perceber que quando se quer alterar a estrutura de algum serviço ou empresa é preciso contar com os seus colaboradores, explicar-lhes o que vai ser feito, como e quando. É tudo isso que não se faz na FP.
Por tudo isto estou de greve.
Os números da adesão estão por aqui e envolvem, mais uma vez, a habitual rábula dos números. A disparidade, desta vez, é ainda maior. Propaganda.
Amanhã vou trabalhar. O protesto faz-se hoje, mas os rendimentos não dão para o luxo de faltar os dois dias. Sim porque quem paga a greve é quem a faz.
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