Livros e bibliotecários
As bibliotecas em Portugal prestam um dos mais importantes serviços públicos. Através da rede de bibliotecas públicas promove-se a leitura como nenhum outra instituição o faz, mesmo se pensarmos na escola e no, fundamental, ensino da língua portuguesa. A notícia de que a C.M. Lisboa vai dar formação aos funcionários desta área parece reforçar a ideia. É normal as bibliotecas terem muitos funcionários sem formação específica na área da biblioteconomia. Isso não é preocupante, embora deva ser salvaguardada uma “quota” razoável para este tipo de profissionais. Outras formações podem trazer outras visões à biblioteca. Do conhecimento que tenho da formação específica sobre bibliotecas/documentação posso garantir que muitos destes profissionais recebem uma excelente formação teórica, mas também é verdade que lhes falta, em muitas situações, o conhecimento sobre dois elementos fundamentais no seu trabalho: os leitores e os livros.
Infelizmente as estatísticas são um elemento muito descurado em Portugal. Existem pequenos trabalhos sobre leitores de bibliotecas públicas, mas nenhum deles abrangente e feito de forma seriada para se poder compreender a evolução do público. Devido à organização da administração pública o atendimento ao público, apesar de repetidamente apregoado, é muitas vezes visto como um trabalho menor.
Quanto ao livro, talvez por ter experiência junto do mercado livreiro, aprendi a olhar para o mesmo enquanto objecto de procura pelo leitor/cliente. A minha experiência diz-me que os bibliotecários têm fortes lacunas neste campo porque trazem uma bagagem intelectual, formativa e profissional onde o gosto, o belo e o conceito de qualidade imperam em detrimento da necessidade. Todos estes conceitos podem e devem estar ligados, mas as bibliotecas existem para servir uma determinada população. A adequação das colecções a essa população falha demasiadas vezes porque existe, por parte das equipas de selecção e aquisição, uma grande distância em relação ao público e um desconhecimento do que é o mercado livreiro em Portugal. Aqui separamos o mercado livreiro do mercado editorial porque é o primeiro que está em contacto directo com o público.
A notícia da formação profissional na C.M.L. pode ser
vista de diversas formas. Sei que a C.M.L. tem, nas bibliotecas, excelentes profissionais. Querer comparar a realidade de Lisboa com cidades como Vancouver, Helsínquia e Copenhaga é pura demagogia. O vereador diz que a culpa, da falta de formação, não é dos trabalhadores. Porquê? Alguém disse que era? Para quem diz que não tem recursos humanos porquê abrir quatro bibliotecas nos próximos dois anos? E fechar? Terá o vereador coragem para fechar alguma?
Infelizmente as estatísticas são um elemento muito descurado em Portugal. Existem pequenos trabalhos sobre leitores de bibliotecas públicas, mas nenhum deles abrangente e feito de forma seriada para se poder compreender a evolução do público. Devido à organização da administração pública o atendimento ao público, apesar de repetidamente apregoado, é muitas vezes visto como um trabalho menor.
Quanto ao livro, talvez por ter experiência junto do mercado livreiro, aprendi a olhar para o mesmo enquanto objecto de procura pelo leitor/cliente. A minha experiência diz-me que os bibliotecários têm fortes lacunas neste campo porque trazem uma bagagem intelectual, formativa e profissional onde o gosto, o belo e o conceito de qualidade imperam em detrimento da necessidade. Todos estes conceitos podem e devem estar ligados, mas as bibliotecas existem para servir uma determinada população. A adequação das colecções a essa população falha demasiadas vezes porque existe, por parte das equipas de selecção e aquisição, uma grande distância em relação ao público e um desconhecimento do que é o mercado livreiro em Portugal. Aqui separamos o mercado livreiro do mercado editorial porque é o primeiro que está em contacto directo com o público.
A notícia da formação profissional na C.M.L. pode ser

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