sexta-feira, 6 de abril de 2007

Reescrita da história

«Kenzaburo Oe, escritor japonês galardoado com o Nobel da literatura, manifestou-se hoje contra uma recomendação oficial que sugere a omissão nos livros escolares do papel dos militares no suicídio de civis durante a segunda guerra mundial.
O protesto, que vai ser enviado ao ministro da Educação, Bummei Ibuki, está assinado pelo escritor e pela editorial Iwanami Shoten, que lamentam a "revisão da História com base na reclamação de um ex- comandante militar", informou a agência Kyodo.
Yutaka Umezawa, antigo membro do Exército Imperial do Japão, tem uma disputa com Oe e com a editora, que em várias publicações referem que o exército ordenou o suicídio de civis durante a batalha de Okinawa, em 1945.
Oe e a editora asseguram que as referidas ordens figuram em vários documentos e que até Umezawa reconheceu que muitos habitantes de Okinawa acreditavam na existência de um mandado emitido pelo exército.
A batalha de Okinawa foi um dos maiores confrontos da campanha do Pacífico durante a segunda guerra mundial, opondo as forças japonesas e norte-americanas.
Enquanto em batalhas como a de Iwo Jima não estiveram envolvidos civis, em Okinawa havia uma população numerosa, entre a qual se registou um elevado número de baixas.
Já no passado as recomendações oficiais japonesas sobre a revisão da história incluíram uma suavização da matança de Nanking, na China, e a existência de bordéis para as tropas nipónicas com jovens prisioneiras asiáticas.
Estas modificações de tom nacionalista provocaram protestos nos países vizinhos que foram invadidos pelo Japão.
Kenzaburo Oe, que nasceu em 1935 e ganhou o Nobel da literatura em 1994, tem sugerido a manutenção do artigo da Constituição que destaca a renúncia à guerra por parte do Japão.»
Fonte: RTP

A vontade de reescrever a história é antiga e mantém-se até aos dias de hoje. Geralmente quanto mais se esconde mais se descobre algures. É como os cobertores pequenos. Enquanto houver investigadores honestos a verdade, ou as diversas versões da mesma, surgirão, serão discutidas, avaliadas e contraditadas. O esforço para esconder "verdades inconvenientes" acaba sempre por ser "descoberto" e desmascarado.