quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Pagamentos


Na altura de propor o Orçamento de Estado o governo costuma brindar os Funcionários Públicos com algumas das habituais pérolas.

Para já está garantido o aumento 0% e o agravamento das condições de reforma. Nada disto é novo nem surpreendente. Um dos argumentos utilizado foi o aumento de 2009 ter ficado muito acima da inflação. Conjugado isso com o disparo do défice era certo que os FP iriam ser chamados a pagar os erros.

Começando pelo aumento de 2009. O erro de cálculo é da total responsabilidade do governo. Era ano de eleições mas isso é apenas uma especulação. Quanto ao défice seria interessante apurar qual é a responsabilidade da massa salarial no aumento. Tendo em atenção as medidas tomadas com o PRACE, o SIADAP e a regra de entrar um funcionário por cada dois que sai, talvez se obtenham resultados interessantes.

O que me parece mais contraditório é que se peça aos FP mais sacrifícios, mais eficácia, mais produtividade e resultados, mas ao mesmo tempo se dêem sinais que a responsabilidade do problema é deles. Assim é difícil motivar quem quer que seja. As medidas podem ser necessárias, mas têm de ser explicadas e interpretadas. Mais uma vez o governo passa a ideia que o problema do défice está nos FP e no que auferem, não na sua gestão e nas suas decisões. A nacionalização do BPN, as transferências para empresas como a CP, RTP, TAP, EP, etc nada têm a ver com isto, assim como as decisões de investimento foram todas óptimas...

A actual crise orçamental e financeira será paga pela classe média, não pelos bancos, os "ricos" ou pela empresas. A grande maioria dos FP está nesse grupo. Também aqui não há nada de novo. Fernando Ulrich utiliza um argumento muito comum: "Os funcionários públicos têm um seguro que mais ninguém tem - não serão despedidos". Para além de esta premissa ter sido alterada pelo novo regime de vínculos e portanto não ser verdadeira para todos, revela o pensamento estratégico de algum do nosso empresariado.

Como alguém afirmava é com afirmações destas que se percebe a diferença entre gestores e patrões... Não sei se o BPI atingiu os níveis de produtividade que tem devido ao receio dos seus funcionários serem despedidos, mas desde já afirmo que esse é um modelo insustentável a longo prazo. Resta saber se o BPI, face aos resultados esperados, irá aumentar ou não os seus colaboradores.

Créditos fotográficos

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