sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

História e o revisionismo

A participação de Nuno Rogeiro na conferência “Revisão do Holocausto: uma visão global”, que decorreu nesta semana em Teerão, revela alguns dados perturbadores. Em primeiro lugar, apesar das explicações, não se percebe como Nuno Rogeiro, que se apresenta também como historiador e/ou analista político se presta a participar num evento destes, que como é óbvio apenas tem objectivos políticos. Seria o mesmo que participar num congresso em Sagres sobre os Descobrimentos Portugueses, coordenado por Mascarenhas Barreto e organizado por um qualquer grupo Rosa Cruz. Nenhum historiador da área se daria ao trabalho de aparecer porque o tom seria tudo menos científico. Rogeiro diz-se amigo do Irão. Confesso que tenho muitos amigos, mas são pessoas, não países inteiros.

Em segundo lugar todos sabemos que o Presidente do Irão é um forte defensor do negacionismo ou revisionismo a propósito do Holocausto. Estas ideias não são novas, mas têm ganho alguns adeptos entre franjas radicais, ancoradas nas novas formas de comunicação como a Internet. São essencialmente ideias de carácter político, não histórico, algumas mesmo do foro psiquiátrico.

Por isso é que a participação de Nuno Rogeiro me parece mais contraditória. Marcar uma posição? Criar uma polémica? Não percebo. Como referiu o embaixador de Israel, apesar da bondade da intervenção ela apenas serviria para, de alguma forma, caucionar uma iniciativa pouco séria.

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