segunda-feira, 9 de julho de 2007

Quem tem medo da Administração Pública?

Têm sido muitas as notícias sobre pressões, intimidações e perseguições na Administração Pública. Começou com o caso Charrua e estendeu-se depois à nomeação de directores de centros de saúde. O que raramente vejo referido é a partidarização existente em todos estes casos. No caso Charrua falamos de um professor, ex-deputado do PSD, e que estava destacado há muitos anos num serviço de recursos humanos. No caso do centro de saúde de Vieira do Minho a directora (militante assumida do PSD) foi demitida depois de um médico (militante e vereador da CDU) ter colado cópias de notícias sobre o Ministro da Saúde que foram alvo de queixas por um utente (identificado nalgumas notícias como militante socialista).

Excluindo o anedótico fica claro que a Função Pública está dominada pelos aparelhos partidários até um nível quase doentio. Não percebo como um chefe de serviço dos recursos humanos pode ser nomeado pelo Ministro da Educação ou como é que uma directora de um cento de saúde é nomeada pelo colega da Saúde. No segundo caso arrepio-me ainda com a falta de ética do senhor médico. Será que não percebe que no centro de saúde se trata da mesma e não de política? Não podia colar as notícias na janela do café da terra? Não antecipou que ia prejudicar uma colega, ou fazia parte da rasteira?

Enquanto funcionário público da administração local tenho, entre outros, o dever de solidariedade e lealdade para com a hierarquia, que no meu caso acaba no Presidente da Câmara. Isso não representa que tenha votado no mesmo (porque também sou munícipe) ou que concorde com a sua estratégia política. Como trabalhador cabe-me seguir as instruções e ordens emanadas pela hierarquia. Mesmo quando não concordo. Já agora também estou obrigado a respeitar o segredo profissional, algo que na AP parece estar a desvanecer-se. Não conheço um blog que denuncie casos concretos em empresas privadas, mas pode ser apenas um problema meu. Estes são assuntos repescados e relacionados com o que disse aqui sobre crítica e maledicência.

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